A Hipocrisia da Política Local e a Indiferença com a Base E assim caminha a política partidária olindense.
A Hipocrisia da Política Local e a Indiferença com a Base
E assim caminha a política partidária olindense. Faço essa reflexão sobre o silêncio, não só das lideranças e do individualismo partidário, mas também de muitos companheiros e companheiras que se calam diante da realidade dos militantes esquecidos após a derrota eleitoral. Esse abandono se naturalizou.
Hoje, estou em casa. Só teremos evento na próxima sexta-feira. Estou participando de forma temporária em uma orquestra de frevo da região de Aguazinha. Dito isso, começa o corre-corre do carnaval. Sobre o "Feitiço das Estrelas", eu não vou participar desse bloco. Porque, sejamos francos, companheira, há um fato inegável: para aqueles que têm recurso próprio, que têm emprego, que não precisam se preocupar com a comida do dia seguinte, a vida segue normalmente. Essas pessoas não dependem de ações públicas, especialmente do campo político-partidário.
Nossas lideranças continuam belíssimas nas redes sociais, vibrando como se não houvesse amanhã. O mundo continua girando, como se nada tivesse acontecido. Mas não posso negar os fatos: durante a campanha eleitoral de 2024 em Olinda, muitos de nós se dedicaram voluntariamente, ofereceram sua mão de obra, e perdemos a eleição – como poderíamos ter perdido qualquer outra, porque eleição é assim, ganha-se e perde-se.
Mas a questão não é a derrota. O que mais decepcionou foi o desprezo silencioso, principalmente das lideranças, antes, durante e após a campanha. Isso mostrou o quanto somos descartáveis. E agora, em pleno carnaval, não posso simplesmente vestir a fantasia do "Feitiço das Estrelas" e fingir que nada aconteceu. Seria hipocrisia da minha parte.
Até porque, uma das piores coisas que fiz ao longo dos meus quase 60 anos foi me envolver na política local. É profundamente notório o abandono da base, principalmente da militância politicamente consciente.
HOJE, EM 2025, tudo o que imploramos ao nosso grandiosíssimo Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – que simboliza e representa os trabalhadores – é uma OPORTUNIDADE DE TRABALHO. Mas o que encontramos desde sempre, e pelo que tudo indica para todo o sempre, é um jogo individualista, onde cada um cuida do próprio umbigo. O espírito de coletividade e as ações voltadas para a base parecem ter se perdido. Nossas lideranças fascistas e egocêntricas destruíram a política local como um câncer.
Eu não tenho estrutura própria, não tenho recurso para estar dentro de uma política partidária individualista. O meu estado de vulnerabilidade, como o de tantos outros, só se aprofundou. Acreditei que a política pública partidária era uma ferramenta democrática de luta social. Mas entre a narrativa e a ação efetiva, a distância é enorme.
Deveria ter continuado onde estava: como camelô. Me envolvi tanto com a campanha de 2024 que, com a perda da eleição para nós mesmos, perdi meu espaço na orla de Olinda, onde trabalhei nos últimos oito anos. Agora, o novo cadastro feito pelo governo municipal me deixou de fora. Foi um risco que assumi, e agora estou vivendo as consequências desse ato.
Para piorar, o Bolsa Família cancelou o benefício unipessoal por erro cadastral – um erro que eles mesmos cometeram. Tentei de todas as formas regularizar nos últimos três anos, mas sem sucesso. Agora, só me resta buscar a judicialização através de ONGs.
O crescimento da população idosa no Brasil é inegável e expõe a urgência de políticas públicas para combater violações e desigualdades.
Agora vem o PED (nome bem sugestivo, né? Kkk "PEDE"). Isso é comprovado: boa parte dos políticos gosta de ver a população, especialmente a militância que fornece sua força de trabalho, com a cuia na mão, pedindo esmola na porta do partido. De certa forma, isso os deixa realizados e faz com que o "gado de esquerda" continue preso nesse ciclo vicioso de política partidária direitista.
Pois é, pois é… Já ia me esquecendo: "Eu fiz o L."
Não estou lamentando algo perdido. Estou apenas, mais uma vez, chamando atenção para a realidade da política praticada pelo Partido dos Trabalhadores. Onde está aquele velho discurso de que "ninguém solta a mão de ninguém"?
Aqui em Olinda, o que vejo é o oposto: falta de ação das lideranças narcisistas e egocêntricas. Esse comportamento contaminou até a militância, que hoje se silencia e se conforma com essa realidade de vulnerabilidade social.
Agora vem a eleição do PED, onde começa o toma lá, dá cá. É natural, é normal, é legítimo – mas também é repugnante. Não posso, com base na Carta de Princípios do PT, participar dessa hipocrisia e fingir que está tudo lindo e maravilhoso.
Basta olhar para as redes sociais dos nossos líderes, os mesmos que falam em cuidar da base. Estão todos felizes, brincando, sorrindo, participando de eventos e festas. É um verdadeiro glamour. Chega a ser ofensivo para nós, que somos sensíveis a esse comportamento narcisista.
Ou seja, a base só é lembrada quando há trabalho a ser feito, quando precisam de mão de obra voluntária. Mas, fora isso, somos apenas peças no jogo.
Por isso, não tenho condição de participar do "Feitiço das Estrelas do PT". Nunca, em mais de 40 anos de militância política nacional, me senti tão descartável dentro do meu próprio partido como agora, em Olinda.
Lamento profundamente que o Partido dos Trabalhadores esteja, ao longo dos anos, seguindo um caminho cada vez mais à direita.
Divirtam-se, afinal, o bloco se chama "Feitiço das Estrelas". Mas lembrem-se: esse pensamento não é só meu. Muitos e muitas da base esquecida, vulnerabilizada e ignorada compartilham desse sentimento.
Houve um tempo em que a Carta de Princípios do PT era levada a sério.
Bom carnaval para todos e todas.
(Quem bate esquece, eu não...)
Fernando Kabral
Texto publicado originalmente no blog BLOGGER Google
26/02/2025 – 10:30
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