A Pele que Habito: uma resposta da base à comunicação do governo federal. Somos milhões de comunicadores populares invisibilizados.
A PELE QUE HABITO: uma resposta da base à comunicação do governo federal. Somos milhões de comunicadores populares invisibilizados. Está na hora de sermos reconhecidos como articuladores — e não apenas seguidores.
Resposta ao governo federal sobre a urgência de uma comunicação popular em rede
Vimos a matéria publicada pelo Poder360 em 22 de junho de 2025:
“Governo Lula aciona Erika Hilton para estratégias de comunicação.”
https://www.poder360.com.br/poder-congresso/governo-lula-aciona-erika-hilton-para-estrategias-de-comunicacao
Com todo respeito à Erika — que tem trajetória legítima —, viemos dizer o óbvio que precisa ser gritado: nós também somos Erika. E somos milhões.
Somos Erika Barbosa, Erika do Sertão, Erika da Zona Norte, Erika que faz conteúdo na raça, com celular estourado e internet emprestada. Somos quem posta arte sem patrocínio, quem comunica em linguagem de quebrada, quem sustenta a narrativa de esquerda enquanto a institucionalidade ignora.
Estamos em pleno Processo de Eleição Direta (PED) no PT. O maior partido da América Latina renova suas direções. É sempre o mesmo: estruturas centralizadas, falas repetidas com outra voz.
O Brasil é continental. Somos mais de 210 milhões de pessoas, mas o governo ainda opera sua comunicação com a lógica de gabinete. Os influenciadores que defendem o projeto popular todos os dias seguem invisíveis — desorganizados porque não são convocados. Lutamos juntos por Lula Livre, enfrentamos o bolsonarismo, resistimos ao golpe e continuamos aqui firmes e fortes!
Proponho, com o suor de quem habita essa pele militante há décadas:
➡️ A criação de um Gabinete Virtual Popular de Comunicação.
Uma estrutura em rede, democrática, descentralizada e viva. Que envolva os grandes comunicadores da esquerda e também os pequenos: blogs, canais de YouTube, rádios comunitárias, podcasts, redes de coletivos. Todos aqueles que estão há mais de 5, 10, 20 anos comunicando o Brasil real.
Essa rede já existe — só falta o governo fazer uso. Com organização, se tornaria a maior força de comunicação política do planeta. Voluntária, afetiva, leal. Militante, mas profissional. Poderosa porque acredita.
O governo sabe fazer. Já fez. E sabe como repetir.
Fez com o PPA Participativo, chamou a população pra debater orçamento, políticas públicas, prioridades. Fez conferência, lançou plataforma, escutou as bases. Não foi mágica — foi vontade política.
Então, por que não faz o mesmo com a comunicação?
Por que não convoca os comunicadores populares — grandes e pequenos — para construir uma estratégia nacional de presença em rede?
Se o governo tem a receita mas escolhe não usar, é legítimo perguntar: a quem interessa essa comunicação lenta, restrita, vertical?
Imagina uma rede de milhões de Éricas Hilton — unidas, organizadas, espalhadas pelo território inteiro, falando com o governo e com o povo ao mesmo tempo. Seria a maior força comunicacional da América Latina — e é por isso que assusta tanto.
E aqui está o coração da equação:
a Érika é chamada porque tem seguidores — mas se não fossem as “Éricas”, não existiria a Erika.
Essa liderança só é possível porque uma base a sustenta todos os dias, com voz, com engajamento, com luta. Somos os seguidores que criam.
Nós viralizamos, corrigimos, comentamos, expandimos o conteúdo. Seguimos, sim — mas também lideramos. E por isso, exigimos estar na formulação da estratégia, não apenas na sua difusão.
A extrema direita já entendeu tudo. Usa os algoritmos, os bancos, as redes religiosas, os ruralistas. Eles pautam até os nossos grupos de esquerda. Eles criam debate dentro da nossa casa. E nós seguimos fingindo que com uma peça no Canva e uma coletiva de imprensa vamos derrotar o monstro. Não vamos.
A esquerda precisa parar de negligenciar o que é inegável.
A comunicação progressista já é uma realidade. Precisa é de centralidade, investimento e escuta.
Nos anos 80 e 90, fazíamos panfletagem na Avenida Jabaquara, no Largo 13, na feira. Hoje, a praça pública é o feed. O povo respira rede — e quem não se comunica com ele vai ser atropelado por quem entendeu isso melhor e mais cedo.
Somos base na rua, no supermercado, e agora somos base também dentro da internet. E o governo não pode continuar fingindo que isso não existe.
Não pedimos salários. Pedimos estrutura. Legitimidade. Participação. Queremos fazer parte da construção — não só da divulgação, produção de conteúdos. E não, não é prepotência. É urgência.
Falam de nós sem nós. Fazem política por nós, sem nos convocar. Até quando?
A comunicação do governo federal precisa nascer do chão — como nasceu o próprio PT, costurado pelas Éricas da favela, pelos Fernandos do interior, pelas redes de base que atravessaram décadas levando dignidade e esperança onde o poder nunca pisou.
Não quero ser ouvido porque sou especial. Quero ser ouvido porque represento milhões de comunicadores como eu, espalhados nos grupos de WhatsApp, Telegram, rádios e vídeos. Militantes que seguem firmes, mesmo sem reconhecimento, porque sabem de onde vieram e pra onde querem ir.
Sou Fernando Kabral. Mas também sou uma Érica.
A pele que habito é vermelha, cheia de arranhão — mas segue de pé, vestida de povo.
Nosso olhar não para em 2025. Estamos construindo para 2026, para 2030 — com Lula ou sem Lula.
Porque o Brasil não cabe numa só liderança. Nosso projeto é maior que um governo: é um povo em movimento.
Olinda, 22 de junho de 2025 12:10
SECOM (Secretaria de Comunicação Social)
E-mail secom.gabinete@presidencia.gov.br
📎 Resposta à matéria publicada pelo Poder360 em 22 de junho de 2025:
“Governo Lula aciona Erika Hilton para estratégias de comunicação”
Reportagem de Lorena Rodrigues.
📲 Conteúdo replicado no grupo do WhatsApp: PT Olinda.
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