Manifesto aos Pré-Candidatos à Presidência do PT & Chamado Urgente à Militância!

Manifesto aos Pré-Candidatos à Presidência do PT & Chamado Urgente à Militância

Olinda, Pernambuco, 2 de maio de 2025 — 11h27

Falo da cidade histórica de Olinda, mas com os olhos voltados para o Brasil inteiro — para cada militante e cada pré-candidato ou pré-candidata do Partido dos Trabalhadores. Falo como quem viveu os anos 80, como quem viu nascer esse partido e testemunhou o avanço silencioso da extrema direita, que se fortaleceu justamente nos espaços que nós abandonamos por omissão.

Os bairros foram ocupados por templos neopentecostais que oferecem vida fácil, soluções mágicas e um céu garantido em troca da alienação aqui na Terra. Enquanto isso, a Teologia da Libertação foi sendo sufocada e substituída pela teologia da prosperidade. As igrejas ocuparam os bairros, os maracanãs foram tomados, os cinemas fechados e substituídos por templos que doutrinam sem questionamento. Enquanto isso, nós, da esquerda, especialmente o PT, deixamos de lado a formação política real, cotidiana, urgente. Criamos escolas de formação que não formam. Criamos cargos que viraram carreira. A militância virou torcida. E o partido, muitas vezes, virou palco de vaidade e não mais casa de luta.

Estamos agora em 2025, em um momento decisivo. E a pergunta que cada militante deveria se fazer é: que partido queremos deixar para as próximas gerações? Quando Lula, quando eu, quando tantos que ajudaram a construir esse partido já não estivermos mais aqui — o que vai restar?

É por isso que a eleição para presidência dos diretórios partidários neste ano não pode ser tratada como uma eleição de Copa do Mundo. Não estamos torcendo por um time. Estamos decidindo o futuro do PT. Esse cargo precisa ser respeitado. Precisa ser assumido com clareza, responsabilidade e compromisso com as bases.

Não podemos mais aceitar militância despolitizada, digitalmente analfabeta, servindo de massa de manobra para fake news. As escolas de formação precisam parar de brincar de cursinho e começar a fazer formação de verdade. Parar de mamata e ir para a linha de frente com a militância — no mundo real e no mundo virtual.

Cuidado! Tem gente que não muda, apenas se comporta melhor quando precisa de você.

O tempo da brincadeira acabou.

A extrema direita nada de braçada nas redes, e nós seguimos lentos, burocráticos, e muitas vezes cúmplices no silêncio. Foram 40 anos de omissão, e se não reagirmos agora, viveremos mais 80 sob escuridão e retrocesso.

Esse é o chamado. Para militantes. Para pré-candidatos. Para quem ainda acredita nesse partido.

Não podemos mais deixar o debate ser conduzido pelos outros. A militância precisa se posicionar e ser protagonista do debate, trazendo à tona questões cruciais para a renovação do PT, como o fortalecimento do papel das mulheres e da juventude dentro da nossa estrutura. Precisamos que essas vozes, sempre marginalizadas, sejam ouvidas e que ocupem de fato os espaços de decisão e ação dentro do partido.

A decisão é agora.

Fernando Kabral

Olinda, 2 de maio de 2025 — 11h27

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