SOMOS TODAS E TODOS PUREZA Hoje à tarde, por acaso, me deparei com a história de PUREZA Lopes Loyola sendo exibida na Sessão da Tarde.
SOMOS TODAS E TODOS PUREZA
07 de maio de 2025
Hoje à tarde, por acaso, me deparei com a história de Pureza Lopes Loyola sendo exibida na Sessão da Tarde, na casa de uma parente onde estou de visita.
Eu, que não tenho TV em casa, fui surpreendido por um reencontro com essa história, já conhecida, já sentida, mas que ainda me atravessa como se fosse a primeira vez.
Mesmo já tendo assistido ao filme Pureza inúmeras vezes, não consigo evitar o impacto. A dor vem com força.
A cena do reencontro entre Pureza e seu filho, magro, sujo, com o rosto marcado pela escravidão — é uma daquelas que não se assiste: se sente.
Se carrega.
E ali, diante da tela, me vi tomado por um misto de dor, revolta e amor.
Amor por essa mulher que transformou sua dor em luta.
Revolta por saber que essa realidade ainda existe, que o Brasil segue convivendo com o trabalho escravo como se fosse um fantasma tolerável.
A história de Pureza não é ficção. É uma denúncia viva.
Foi ela quem, com sua coragem solitária, mobilizou o que viria a ser o Grupo Móvel de Fiscalização, que entre 1995 e 2017 libertou mais de 52 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão.
Em 1997, foi reconhecida internacionalmente com o Anti-Slavery Award, em Londres.
E em 2018, a Walk Free Foundation estimava que 369 mil pessoas ainda viviam em escravidão no Brasil.
No mundo, segundo a OIT, mais de 40 milhões de seres humanos estavam submetidos a alguma forma de escravidão moderna.
O que mudou de lá para cá?
Pouco.
Ou melhor: mudou para pior, em muitos aspectos.
Nos últimos anos, enfrentamos retrocessos graves nas políticas de fiscalização. Ainda assim, em 2023, mais de 3 mil pessoas foram libertadas de condições análogas à escravidão, o maior número em 14 anos.
Em 2024, mesmo com equipes reduzidas, mais de 2 mil resgates foram feitos. A barbárie persiste.
E essa dor precisa ser sentida por todos.
Precisa ecoar, incomodar, transformar.
Porque a história de Pureza é também a nossa.
É a história de um país que tenta esconder seus porões, mas que os revela, vez ou outra, em telas como essa que vi hoje.
Não é só um filme.
É um chamado.
É uma ferida aberta.
É um compromisso que não podemos abandonar.
Essa história precisa ser contada.
E recontada.
E recontada.
Até que nenhuma corrente reste. Até que nenhuma mãe precise atravessar o Brasil sozinha para libertar um filho.
Até que todos sejamos, de fato, livres.
Fernando Kabral
07 de maio de 2025 - 17:03
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